Título: |
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Break-ar a vida: processos de subjetivação de jovens negros por meio da dança na cidade de São Paulo |
Autor: |
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Wanderley Moreira dos Santos
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Categoria: |
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Teses e Dissertações |
Idioma: |
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Português |
Instituição:/Parceiro |
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[cp] Programas de Pós-graduação da CAPES
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Instituição:/Programa |
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PUC/SP/PSICOLOGIA (PSICOLOGIA CLÍNICA) |
Área Conhecimento |
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PSICOLOGIA |
Nível |
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Mestrado
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Ano da Tese |
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2009 |
Acessos: |
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571 |
Resumo |
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Esta pesquisa é o mapeamento do break na cidade de São Paulo; uma dança que surgiu na década de 70 nos Estados Unidos a partir da tensão presente nas relações de raça e de classe e que faz com que os porto-riquenhos e negros criassem um estilo de dança no qual fosse possível trazer para o visível e o audível o que estava na ordem da sensação. Antes de ser uma dança; o break é a faixa instrumental do funk na qual são valorizadas as batidas e as linhas de baixo. A forma diferenciada pela qual; garotos e garotas dançavam nessa parte do funk. Eles e elas passaram a ser identificados como b.boys e b.girls; nome dado por DJ Kool Herc; um dos jamaicanos; que imigrou para os Estados Unidos na década de 60; e produzia as Block Partie; (festas de quarteirões); embaladas por soul; funk; jazz e músicas latinas no bairro do Bronx; em Nova York. Junto ao surgimento do break; cria-se um novo ritmo musical; proveniente da junção de samples de ritmos do hip-hop; do funk e do electro; o break beat. Essa música híbrida foi criada pelo próprio Kool Herc; e tem múltiplas variações. Essa modalidade de dança foi acoplada ao movimento hip-hop e nele ganhou forma. Nessa cartografia houve a necessidade de perscrutar minimamente os trajetos da configuração do protest song; movimento iniciado nos estados Unidos; mas que deixou seus rastros em várias diásporas negras; em especial no Brasil. Não é; no entanto; uma tentativa de retorno ao arcaico; e sim; de traçar linhas tênues do que chamei; provisoriamente; de ampliação da militância; a qual pode ser definida sugestivamente como fusão da música e da militância que cria uma potente malha-ardilosa na convocação dos corpos; da subjetividade e da vida; especialmente da população negra. No break a palavra é transformada em movimento de corpos com suas velocidades; gingas e saltos. Nisso tem-se forjado um território minimamente consistente de existência: são memórias corporais que estão se constituindo. Há três espaços públicos onde o break se manifesta: a roda (espaço de descontração); o racha (espaço de disputa) e o palco (espaço cênico). Não é somente a configuração do tipo de espaço físico que diferenciará a dança; mas; sobretudo a pré-disposição de corpos dos dançarinos. No break houve uma explosão das categorias de raça e de classe; pois um b.boy e uma b.girl; só são pela capacidade de dançar. Há uma diversidade de raças e de classes e não foi sentido conflitos entre elas. Essas categorias encontram-se; ainda; bem marcadas dentro do hip-hop; mas no que se refere à questão gênero; está; ainda travada e evidencia uma concepção de mulher marcada não por uma diferenciação; mas por desigualdade. No entanto; há um tremor anunciado por parte das b.girls para abalar o atual desenho das representações no break em São Paulo. É um devir-b.girl que se anuncia; um inconsciente que protesta; um corpo que grita e que se recusa a ceder mais uma vez. Começa-se a formar elos com outros corpos; num processo revolucionário que pretende alterar a cartografia dominante no break. Elas estão fazendo a vida break-ar na forja de outro croqui urbano |
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