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Tipo de Mídia:
Texto
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Formato:
.pdf
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Tamanho:
1,35
MB
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Título: |
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Abraço utópico entre logos e sofia em romances de Paulina Chiziane |
Autor: |
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Marli Maria Mendes
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Categoria: |
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Teses e Dissertações |
Idioma: |
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Português |
Instituição:/Parceiro |
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[cp] Programas de Pós-graduação da CAPES
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Instituição:/Programa |
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PUC/MG/LETRAS |
Área Conhecimento |
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LETRAS |
Nível |
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Doutorado
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Ano da Tese |
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2009 |
Acessos: |
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454 |
Resumo |
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O trabalho propõe discutir a possibilidade de conciliação entre os lugares do masculino e do feminino, considerados no ocidente como antagônicos, a partir de dois eixos que constantemente se cruzam no trabalho: um procura acompanhar historicamente a configuração desses lugares ao longo de vários períodos: grego, medieval, moderno e contemporâneo, retomados numa narrativa reflexiva que tem Logos e Sofia como protagonistas dos embates entre o masculino e o feminino, o outro constrói-se a partir de narrativas literárias da escritora moçambicana Paulina Chiziane, destacando, particularmente, Niketche: uma história de poligamia (2004). A discussão do percurso de Logos e Sofia ao longo dos vários períodos históricos tem como sustentação teórica autores como Sennett (1997, 1999), Delumeau (1989), Bourdieu (2005), Foucault (1984, 1985, 1987, 1988), Bauman (1999, 2001, 2004, 2005), entre outros. E para melhor compreender as narrativas de Paulina Chiziane, bem como o contexto sociocultural em que foram produzidas, valeu-se de teóricos das culturas e literaturas africanas de língua portuguesa, tais como Cipire (1992), Appiah (1997), Leite (1998, 2006), Mata (2000, 2001, 2003, 2006), Padilha (1999, 2004, 2006), Valentim (2006), Semedo (2006), Duarte (2006) e outros. A pesquisa procura descrever e compreender os embates entre Logos e Sofia a partir dos lugares do masculino e do feminino, literariamente encenados nas obras de Chiziane, nas quais os costumes da tradição ancestral confrontam-se com valores da cultura ocidental levados ao continente africano. Na discussão proposta, destaca-se particularmente o papel de Rami, protagonista-narradora do romance Niketche: uma história de poligamia (2004), que subverte ardilosamente o ritmo marcado pelo jogo masculino confrontando tradições do sistema patriarcal. Como se demonstra na reflexão proposta, o confronto conduz à derrocada do marido polígamo, à avaliação do sistema da poligamia e, como acentua Chiziane, redimensiona-se singularmente a possibilidade de manifestação da subjetividade feminina, mesmo considerando que a ambiência seja notadamente regida por forças masculinas. O estudo salienta que o ritmo da dança do Niketche é orquestrado para se destacar as estratégias de desmanche utilizadas por Rami, quando, em conluio com as outras mulheres de Tony, compõe uma partitura em que cada nota parece encenar o cotidiano marcado por uma trilha sonora que destaca o feminino. Como metonímia da subversão imposta a lugares tradicionalmente marcados, a dança do Niketche desafia, ironicamente, o poder instituído e prenuncia um ritmo instituinte sob a voz e os sons femininos marcado pela intenção democrática de conjugação equilibrada de Logos e Sofia. Nos passos da dança contesta-se o poder unilateral e etnocêntrico e anuncia-se a inadiável crítica do tradicional binarismo entre masculino e feminino. Nessa medida, os conceitos de identidade e alteridade são discutidos na perspectiva de gênero em que o humano se desenha antropologicamente e não gino ou falocentricamente, como o fez a tradição ocidental. Seguindo os passos da dança, sua ginga e reboleio e a musicalidade poética da produção literária de Paulina Chiziane, a reflexão proposta, com bases filosóficas e de gênero, almeja que o masculino e o feminino possam se encontrar amorosamente num abraço utópico entre Logos e Sofia. |
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