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Tipo de Mídia:
Texto
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Formato:
.pdf
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Tamanho:
748.40
KB
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Título: |
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Bases moleculares das hemoglobinas variantes e talassemias no Rio Grande do Sul |
Autor: |
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Sandrine Comparsi Wagner
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Categoria: |
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Teses e Dissertações |
Idioma: |
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Português |
Instituição:/Parceiro |
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[cp] Programas de Pós-graduação da CAPES
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Instituição:/Programa |
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UFRGS/GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR |
Área Conhecimento |
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GENÉTICA |
Nível |
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Doutorado
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Ano da Tese |
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2010 |
Acessos: |
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862 |
Resumo |
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Hemoglobinopatias são alterações nos genes das globinas que determinam
hemoglobinas variantes e/ou talassemias, com manifestações clínicas variáveis em seus
portadores. Estudos realizados no Brasil mostram alta prevalência de heterozigotos para
Hb S e Hb C, além das talassemias ALFA e BETA. Considerando-se essa alta frequência
populacional e a constituição étnica do sul do país, este trabalho teve como objetivo
determinar as bases moleculares das hemoglobinas variantes e talassemias no Rio
Grande do Sul.
Fizeram parte deste estudo amostras de sangue de recém-nascidos triados pelo
Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), pacientes encaminhados por médicos
e serviços de saúde do Estado para investigação de anemia microcítica a esclarecer,
pacientes com anemia falciforme e controles afro e eurodescendentes.
A identificação e quantificação das frações hemoglobínicas foram realizadas por
focalização isoelétrica (FIE) e/ou cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). As
principais deleções responsáveis pela talassemia α e os haplótipos do gene β da globina
foram determinados por técnicas de reação em cadeia da polimerase (PCR). Quando
necessário, foram realizados sequenciamentos dos genes α e β da globina.
Dentre as 437.787 amostras de recém-nascidos analisadas, 6.391 (1,46%)
apresentaram padrão hemoglobínico alterado: 5.236 FAS, 837 FAC, 199 FAD, 33 FS, 7
FSC, 1 FSD, 7 FS/talassemia β. A incidência das síndromes falciformes foi 1:9.100
nascimentos. Além desses, foram identificados 71 heterozigotos para variantes raras,
nos quais foram observadas 26 variantes de cadeia α (3 Hb Woodville, 1 Hb Chad, 2 Hb
Hasharon, 4 Hb G-Phil, 4 Hb G-Pest e 12 Hb Stanleyville) e 21 de cadeia β (11 Hb ESakatoon,
1 Hb Osu-Christianborg, 1 Hb Richmond, 2 Hb O-Arab, 1 Hb D Los
Angeles, 1 Hb J-Guantanamo, 1 Hb Shelby, 1 Hb Beckman, e 2 Hb Hope). Dentre essas
hemoglobinas, 70% estão sendo identificadas pela primeira vez no Brasil, incluindo os
11 casos de Hb E-Saskatoon. A fim de esclarecer esse achado, foram investigados os
perfis eletroforéticos e cromatográficos, além da origem genética dos indivíduos
portadores dessa hemoglobina através de um estudo de miscigenação e da determinação
dos haplótipos do gene de cadeia β. O padrão de migração da FIE foi semelhante ao da
Hb E (PI entre 7,59 e 7,65) e o tempo de eluição na HPLC foi na janela da Hb S (4,26-
4,38 min). O estudo de miscigenação mostrou uma alta taxa de contribuição européia (>80%) nesses indivíduos. O haplótipo 2 (+----) foi identificado em todos os portadores
de Hb E-Saskatoon. Estes dados sugerem uma origem para esta hemoglobina, diferente
da descrita na Turquia, na qual o haplótipo 6 (-++-+) foi observado. Especula-se que
esta hemoglobina tenha sido introduzida no Rio Grande do Sul através dos
colonizadores da Península Ibérica, uma vez que ela já foi descrita em espanhóis. Do
ponto de vista laboratorial, acredita-se que a Hb E-Saskatoon esteja sendo erroneamente
diagnosticada, uma vez que a maioria dos laboratórios de triagem neonatal no país
aplica apenas uma metodologia (FIE ou HPLC). Em uma população heterogênea do
ponto de vista genético, como é a brasileira, sugere-se o uso de ambas as metodologias,
além de técnicas de biologia molecular, para a confirmação das hemoglobinas variantes
raras.
A talassemia α foi investigada em 493 indivíduos não relacionados (202 e 191
controles euro e afrodescendentes, respectivamente) e 101 pacientes com anemia
microcítica a esclarecer, com perfil hemoglobínico normal. Apenas a deleção -ALFA3,7 foi
observada, com freqüências alélicas de 0,02 e 0,12 entre euro e afrodescendentes e 0,20
em pacientes com anemia a esclarecer. Esses resultados sugerem que a talassemia α,
representada pela deleção -ALFA3,7 é uma causa importante de microcitose nas anemias no
Sul do Brasil, independente do grupo étnico (p=0,001).
Com relação aos haplótipos do gene HBB*S, o haplótipo Bantu foi o mais
frequente (67.3%; IC 95%: 60.9 – 73.2), seguido dos haplótipos Benin (25.0%; IC 95%:
19.6- 31.0), Camarões (0.9%; IC 95%: 0.2 – 3.0) e Senegal (0.5%; IC 95%: 0.0- 2.2). O
haplótipo Saudi não foi encontrado na amostra. Além desses, 14 cromossomos foram
classificados como atípicos. A talassemia alfa foi investigada, sendo que a deleção -ALFA3,7
(única observada) apresentou uma frequência alélica de 0,14. Esses dados mostram não
haver aumento dessa deleção em indivíduos homozigotos para Hb S, uma vez que não
diferem da frequência encontrada em indivíduos sadios de mesmo grupo étnico (0,12).
Com relação aos haplótipos, os dados estão de acordo com os observados nas demais
regiões do país, nas quais o haplótipo Bantu é o mais frequente. |
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