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Tipo de Mídia:
Texto
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Formato:
.pdf
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Tamanho:
2,04
MB
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Título: |
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Cativeiro e cotidiano num ambiente rural o sertão do médio São Francisco - Pernambuco (1840-1888) |
Autor: |
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Emanuele Carvalheira de Maupeou
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Categoria: |
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Teses e Dissertações |
Idioma: |
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Português |
Instituição:/Parceiro |
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[cp] Programas de Pós-graduação da CAPES
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Instituição:/Programa |
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UFPE/HISTÓRIA |
Área Conhecimento |
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HISTÓRIA |
Nível |
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Mestrado
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Ano da Tese |
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2008 |
Acessos: |
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395 |
Resumo |
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Este trabalho se propõe a discutir as relações escravistas no cotidiano do Sertão, entre 1840 e
1888, a partir de uma pesquisa documental realizada nos municípios pernambucanos que
compõe a região do médio São Francisco. A segunda metade do século XIX destaca-se por
ser o momento único da crise final do sistema escravista no Brasil. Tal contexto constitui um
quadro de particular interesse, na medida em que se procura compreender a manutenção da
escravidão no Sertão, que, por si só, já passava por uma crise interna. Baseando-se em dois
tipos de fonte, que correspondem a documentos cartoriais e eclesiásticos de vários municípios
da região, além de publicações impressas de moradores e viajantes, o ângulo de visão
escolhido para compreender esse intricado momento foi o das relações construídas entre
escravos, senhores e livres pobres da região. A crise e a pobreza levaram a uma maior
aproximação entre os indivíduos de diferentes origens sociais e jurídicas. Todavia, a
proximidade vivida incitava os descendentes dos antigos colonos a buscar alternativas que os
identificassem enquanto elite e que os diferenciassem da massa de escravos e de trabalhadores
livres pobres. Assim, numa conjuntura desfavorável, os senhores do Sertão utilizaram
estratégias que permitissem, ao mesmo tempo, a transferência da mão-de-obra servil a outras
regiões do país e a manutenção da escravidão no cotidiano local. Essas estratégias passavam
pela adoção de práticas como a do co-senhorio, da produção endógena de cativos e inclusão
de indígenas, miscigenados e confundidos com descendentes de africanos, entre os escravos.
Aproximado no convívio cotidiano, o conjunto da população, já fortemente miscigenada,
acabava interligado por uma rede de dependência. Assim, a dinâmica social vigente inseria
todos os indivíduos nesta teia que unia os moradores por laços de parentesco, de compadrio e
de solidariedade, mas também de poder e dependência. O lugar destinado a cada um nessa
rede relacional dependia muito do que o indivíduo tinha a oferecer ao grupo. Sendo o escravo
desprovido de bens de valor monetário, restava-lhe os elementos de ordem simbólica que são
também valorizados nesta teia, tais como o parentesco e o compadrio, a capacidade de
trabalhar, a fidelidade e a religiosidade. Dentro desta dinâmica, os indivíduos escravos agiam
sempre em busca de melhores condições de vida, todavia, tendo menos a oferecer, eles
acabavam sempre como as partes mais vulneráveis das relações construídas com os demais
indivíduos. Por isto, as conseqüências da pobreza eram sempre mais acentuadas nesta parcela
da população, inserida numa sociedade como um todo mergulhada na fragilidade. |
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